Escrevo hoje, porque sinto haver necessidade de falar no tema, tão na berra nesta altura.
Antes de mais, devo dizer que sou terminantemente pela Vida, logo, irei novamente dizer Não!
Em primeiro lugar, questiono o porquê de fazer um re-referendo...visto que Portugal já votou esta matéria?!
Sei que a resposta de muitos é que na altura os portugueses a favor do sim estavam de férias, e davam o sim como garantido. Logo, não cumpriram o dever cívico do voto.
Para mim o Não ganhou, e tem a validade das restantes eleições/votações.
Se não re-votamos um presidente ou um primeiro-ministro, porquê re-referendar?
Julgo eu que em democracia ganha a maioria...se a maioria foi a abstinência, então é porque os portugueses não se interessam pelo assunto ou não sabem.
Daqui concluo que se não querem saber, para quê discussão?! Mas se não sabem, então na dúvida que vença a Vida.
E vendo do lado do 'aperta o cinto', as pessoas vivem cada vez pior, o orçamento mensal é sempre reduzido e não cobre as despezas das famílias. O governo pede contensão de custos, e logo a seguir quer gastar dinheiro ao país em referendos já anteriormente feitos?! Tem alguma lógica?!
Em segundo, gostaria de saber como é possível algum ser humano equilibrado conceber a ideia de matar outro ser humano, como se de atirar uma pedra ao charco se tratasse?!
E por mais que os defensores do sim se contorçam com conversas de que são só células, que ainda não é um ser...isso para mim é conversa fiada. As células têm vida. A cada segundo, minuto, hora, dia, semana, mês dão-se transformações incrivéis, porque as células multiflicam-se, transformam-se, moldam-se, etc. Em pouco tempo, facilmente reconhecemos a imagem de uma cabeça.
Agora, mesmo não reconhecendo a figura de um ser, como é possível dizer que é desculpável e socialmente correcto que uma mãe tenha direitos totais sobre o filho, ao ponto de escolher se ele vive ou se ele morre? Isto não me entra na cabeça!
Em conversa com uma amiga sobre o tema - ela faz parte do grupo de indecisos - ouvi o argumento de que no interior do país ainda se vive num tempo onde a informação é escassa e usar contraceptivos um tabú. Mas já no antigo Egipto se usavam meios para não engravidar!!! Isso para mim é que é ter pouco acesso à informação...e mesmo assim, já havia o conhecimento.
De modo que discordo que seja o interior a abortar mais que os grandes centros urbanos...até porque o interior está predominantemente cheio de população idosa, logo, fora da idade fértil.
Falando de contraceptivos, hoje em dia qualquer pessoa a qualquer hora e em qualquer ponto do país tem facilidade de aceder a:
- preservativos (masculinos e femininos)
- pílulas
- pílula do dia seguinte (emergência)
- diafragmas
- dispositivos intra-uterinos (Diu)
-contracepção hormonal injectável
- espermicidas
- penso contraceptivo (autocolante)
- implante intradérmico (por debaixo da pele)
- métodos naturais (coito interrompido, calendário, muco, temperatura)
- métodos irreversíveis (laqueação de trompas nas mulheres e vasectomia nos homens)
E ainda o método 100% seguro - não praticar sexo!
Nos centros de saúde existe a consulta de planeamento familiar, onde as pílulas e os preservativos são fornecidos gratuitamente. A consulta é confidencial, pelo que não há a temer uma identificação da pessoa.
Em terceiro lugar, e pondo de parte cores políticas ou religião, o problema do aborto é um problema ético-moral.
A pergunta deveria ser se concordamos que se mate um ser vivo em benefício de outro?
É correcto matar o filho porque a mãe não está virada para a maternidade (e por isso deveria precaver-se) ou porque não tem condições financeiras (o materialismo a falar neste caso)?
A meu ver, matar é um acto condenável, não tendo desculpa possível.
Mas o que me choca é ver todo o país a condenar a mãe da Joana, que desapareceu em Setembro de 2005, e que penso ainda não estar confirmada a sua morte (ou a responsabilidade da mãe no seu caso), quando o motivo apontado seria a miséria, a falta de condições, até alguns problemas mais complexos no seio familiar.
E estas mesmas pessoas acham natural uma mãe matar o filho que carrega no ventre.
Qual é a diferença?
A diferença está no que é visível: todos viram as fotos da Joana. Dos bebés nas barrigas das mães ninguém tira fotos e espalha pelos jornais!
No fundo, dá-se razão ao provérbio ' O que o olhos não veêm o coração não sente', provérbio que desculpabiliza diversos actos humanos desprezíveis.
Enfim, por hoje não vos maço mais, queridos leitores! Continuarei em outra ocasião a tratar este tema tão controverso.
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