Sinto-me a mais. Como se o espaço que ocupo estivesse a ser disputado por alguém...como se incomodasse a minha presença.
Se pudesse deixá-lo de ocupar, de imediato me retiraria. Mas para onde? Como? Quando? Porquê? Para quê?
São tantas as perguntas que tenho na cabeça e nenhumas respostas.
O tempo passa; eu, perco cada vez mais a paciência e a capacidade de reatar seja o que for que exista ainda.
Não vejo esforços para alterar comportamentos, não vejo vontade de estreitar laços, não oiço pedidos de desculpa ou introspecções profundas.
O meu dia-a-dia tem sido aquilo a que se pode chamar um tédio!
Nada de novo, apenas mais um dia aqui metida, fechada, prisioneira, contrariada...sempre a levar na cabeça - nunca acerto em nada! - como se fosse um cão vadio a quem um homem cobarde e cruel dá um pontapé.
Quero mudar. Quero ser eu mesma. Mas já passaram tantos anos, não sei se ainda me recordo do que era, do que queria, do que desejava, o que me fazia feliz...
A felicidade...
A palavra mais estúpida que posso dizer, porque já a disse em tantas situações, e parece que acaba sempre por não fazer sentido!
Possivelmente, o segredo é mesmo esse: a felicidade está em pequenas coisas, e não em grandes acontecimentos.
Em pequeninas coisas já fui muito feliz. :D Em pequeninos momentos toquei o céu, beijei as estrelas...e voltei, radiante, e ansiando que, mesmo que não se repitam, não fique senil com a idade, para que possa saborear esses momentos, mesmo que só no pensamento!
Acho que sei o que quero :S Quero viver cada dia como se não existisse amanhã. Quero chegar à noite, na cama, e poder dizer ' hoje valeu a pena' :D
Jamais quero repetir esta sensação que me acompanha à tanto tempo, que nem sei ao certo quanto é.
Todas as noites, acabo por lamentar algumas coisas, e deposito as minhas esperanças no novo dia que há-de nascer. E todos os dias, acabo por sentir o mesmo!
Afinal, foi para isto que casei?! Deixar de ser uma pessoa, deixar de ser eu, passar a não ter vontades nem direitos...apenas ganhar como prémio por ter cumprido os 'meus deveres' de esposa e mãe palavras secas que dizem 'vê se amanhã não te esqueces de fazer...'.
Ser mulher às vezes enoja-me. Mas também não queria ser homem.
Nesta vida deveria ter encarnado num corpo de um cavalo, ou cão, ou mesmo de um pássaro...queria tanto ser livre, e não me refiro ao estado civil!
Ser realmente livre - poder ser eu mesma, fazer o que quiser, e ainda assim, ser aceite pelos que me rodeiam.
Acho que o Amor é isso mesmo - aceitar o outro tal como ele é. Dar-lhe espaço. Tentar compreendê-lo, ouvi-lo, acarinhá-lo, sempre que precise. E insentivá-lo a ser ele mesmo, a ser único...não cortar as asas...
E as minhas estão curtas à tanto tempo...mas serei capaz de voar no momento certo.
Está a chegar esse dia...do bater de asas e voar pelo mundo fora!
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