e cansa-nos a vida
e nos cansamos dela,
ou ela é quem se cansa de nós mesmos,
na teima de existir e desejar?
Um dia é como se uma corda se quebrara,
ou como se acabara de gastar-se,
que nos prendia a tudo e tudo a nós.
Não é que as coisas percam importância,
as pessoas se afastem, se recusem,
ou nós nos recusemos.
O que sentimos é pior que quanto
dantes sentíamos nas horas ásperas
da fúria de não ter ou de ter tido.
Porque se sente o não sentir.
Um tédio...
Não como o tédio antigo.
Nem vazio.
O não sentir.
Que cansa como nada.
Até dizê-lo cansa.
É inútil.
Cansa!»
Jorge de Sena
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