Soou-me aos ouvidos que uma tal senhora veio a Portugal e que andou a gozar com a malta cá do Burgo. E quando digo malta, incluo tão boa gente como Camões e Fernando Pessoa!
No momento pensei em três coisas.
A primeira, é que é preciso ser muito triste e baixa para ganhar dinheiro a troco de cuspir em monumentos, confundir rio com mar, desdenhar da magnífica vila de Sintra, de tão nobres escritores e poetas e demonstrar tanta ignorância junta. Principalmente porque no Brasil a taxa de analfabetos é muito superior à de Portugal e também porque a história do Brasil, como país, começou precisamente com os portugueses. É a nossa língua que eles falam, apesar das diferenças de evolução linguística!
A segunda, é que é preciso ser-se autista ou mentecapto para ter a lata de vir gozar com um país com tanta história e cultura como o nosso, quando, pelos vistos, se desconhece a história e a geografia local. Eu costumo dizer, quando não se sabe de um assunto, o melhor é manter a boca fechada. É bem mais sensato do que vir mostrar nas televisões a ignorância e a má formação como pessoa. Porque é má formação cuspir em monumentos...e é burrice demais banalizar homens grandiosos da nossa língua.
Em terceiro, vou apenas dizer que já era altura de algum brasileiro vir fazer uma reportagem ao nosso país, para ver o que a comunidade brasileira por cá faz. É que começo a fartar-me de ver alguns brasileiros terem a lata de dizer mal e gozarem connosco quando não têm onde cair mortos!
Se muitos há que trabalham na restauração, e com mérito pela simpatia, também não podemos ocultar o tamanho da prostituição e os casos de violência e roubo que têm acontecido nos últimos anos, muito ao estilo de São Paulo e do Rio de Janeiro. É verdade que o crime violento aumentou abruptamente... e acho, muito sinceramente, que o SEF não está a funcionar devidamente, já que parece ser mais fácil um brasileiro virar português do que portugueses descendentes de Cabo Verde, nascidos, criados e educados cá, que nem tem direito a documentos. É uma das coisas que me revolta...
Não quero generalizar. Todos os povos têm pessoas válidas e pessoas não-gratas, mas é preciso não ter vergonha na cara para vir gozar com a tradição, cultura e costumes, quando têm tanto de que se envergonharem neste país! Pelo menos nós, enquanto povo, somos pacatos e não somos conhecidos por querermos enriquecer de forma fácil. Somos um povo trabalhador. Temos defeitos como todo o mundo, mas somos bastante tolerantes com os outros.
Sei, dito por uma brasileira, que muitas das que andam na prostituição em Portugal e que enviam grandes quantias de dinheiro para a família, no Brasil, não contam a sua actividade. Para os pais e restantes familiares, em Portugal ganha-se muito bem, a ver pelos envios chorudos. É por causa desta ignorância que continuam tantas a vir "enganadas", à procura de um país de muito emprego onde é fácil enriquecer.
Isto não está fácil para ninguém, nem para pessoas com formação superior. E não se resume ao país, a crise é mundial!
Como portuguesa que sou, sinto muito orgulho por falar a língua de Luís Vaz de Camões e de Fernando Pessoa. Como habitante do concelho de Sintra, sinto orgulho na magnífica e idílica serra, cheia de palácios, castelos e chalets, adoro a Sintra romântica e a Sintra isotérica. Não foi à toa que o Lord Byron disse:
"A vila de Cintra na Estremadura é, talvez, a mais bela do mundo inteiro"
Eu partilho da opinião, mas sou suspeita: sou apaixonada pela vila! O que é um facto é que a dita senhora resumiu Sintra a um nº 3, virado ao contrário, com todo o isoterismo inerente. Nada de palácios, castelos, beleza natural...
Gostava de saber se os brasileiros gostavam que se dissesse que o Brasil se resume a uma favela gigante, de pobreza e violência?! É que foi nesta perspectiva que se mostrou a "vilazinha" Património da Humanidade!
Como europeia, e cidadã do mundo, quando viajo (apesar de não ser tanto como desejava, também não foi assim tão pouco!) mantenho a mente aberta às diferenças, não critico o que desconheço, antes fico curiosa por entender determinados estilos e escolhas.
O mundo é feito de diferenças e a riqueza está nessas mesma diferenças!!!
Shame on you, Maitê Proença.
1 comentário:
Agarrada à coca, aposto!
Humpf...
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