No Inverno...

Nas noites gélidas de Inverno, em que a neve entope as estradas e o frio afasta as pessoas da rua, ficamos normalmente, depois de um jantar suculento, a conversar calmamente junto à lareira.
Noutras noites apenas nos basta a leitura de um livro, enroscados um no outro.
A televisão já à muito tempo que perdeu a nossa atenção...gostamos muito mais de uma música ambiente, umas velinhas de cheiro, o trepidar do lume e uma taça de um bom vinho Alentejano como companhia para os serões em que não temos que trabalhar.

Tenho o hábito de te observar enquanto lês. Adoro tentar desvendar o que se passa na história, pelas expressões do teu rosto. Dás gargalhadas facilmente. Também te sinto triste quando a história o permite, embora saiba que não choras nem uma lágrima. Não consegues. Dizes tu.
Eu, ao contrário de ti, sou uma lamechas. Choro a rir e rio a chorar...por vezes assusto-te com a intensidade com que vivo os problemas dos outros, mesmo sendo ficção. Não consigo ser diferente.

Apesar de sentimentalista e chorona, quando é suposto mostrar os meus sentimentos, quando falamos dos problemas que temos como todos os casais, aí fujo ao máximo do choro. Evito que me vejas desprotegida e frágil. Gosto que tenhas a ideia que sou forte. Que me aguento seja qual for o problema. Sou assim...contraditória, louca, desatinada, e ao mesmo tempo controlada, metódica, contida...

(continua)