17.1.08

Solidão merecida


Ao acordar, bem cedo,
procuro-te e tu não estás.
Saíste, em segredo,
e levaste as coisas más,

tudo aquilo que nos separava,
dentro de uma simples mala,
agora por ti suspirava
desde o quarto até à sala.

Corro cada metro quadrado
desta casa, que foi tua,
cabisbaixo, apavorado,
por estar só, na solidão crua.

Foi por minha culpa
que tudo descambou ...
Não soube resguardar-te
da loucura que me abalou.

Procurei ter-te só para mim,
punindo-te com a carência
de tudo e , por fim,
sofro agora a tua ausência.

Tinhas razão quando falavas
que assim não dava para viver
Mas o ciúme que sentia de ti
não me deixou combater

esta força tão imponente,
que era querer-te até mais não!
Se te soubesse tão descrente
de nós, teria evitado a solidão!

by Sofia Felizardo

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