15.9.08

O estado da nação ou... desprotecção à família

Todos ouvimos, diariamente, queixas sobre o aumento do preço dos produtos e combustíveis, das taxas de juro, a inflação, os ordenados baixos, o aumento do desemprego e da criminalidade.
Lemos, dia após dia, casos de idosos reformados que vivem no limiar da pobreza, famílias inteiras desfeitas por falta de trabalho e, consequentemente, sem dinheiro sequer para uma vida condigna.

Infelizmente, tudo isto é pura verdade. De uma verdade tão cruel que chega a cortar a alma só de pensar na miséria em que está o meu país.
Quem me dera a mim ter apenas 5 anos... não! Melhor que isso, ter 5 anos e ser estrangeira.
No meu país é bem melhor ser-se estrangeiro. Tem-se mais direitos, mais regalias, mais protecção social e mais piedade de todos. Tem-se prioridade em tudo. É uma maravilha!

Ora então acompanhem o meu raciocínio.
Se eu fosse preta ou cigana, ou de outros grupos sociais, etnias e afins, tinha direito ao subsídio de desemprego, uma vez que sou professora não colocada.
Infelizmente, não tenho direito. Trabalho, faço os descontos e quando preciso não tenho direito.

Parece que o ordenado do meu marido (posso garantir que não é muito alto), para a segurança social é mais que 80% do salário mínimo, logo é suficiente para 3 pessoas viverem.
Eu entendia, se também pagasse 4,5 € ao banco todos os meses pelo meu mísero T2 (atenção que não é de luxo, é mesmo o que consegui comprar com 22 anitos e o primeiro IRS feito), e se o abono que o meu filhote recebe não fosse apenas de 10 €.

Mas como pago uma casa ao banco, tenho que ter o meu filho no infantário privado (porque as vagas no público não chegam para todos), pago água, gás, electricidade, vou ao supermercado para três, não me parece que 80% do ordenado mínimo chegue! Aliás, digamos que com esse valor, não pagava a renda de casa, quanto mais esses luxos de água, electricidade, gás e... comida!!!

Daí a minha revolta e repulsa pelo meu país. Menos MEU que dos estrangeiros, pelo que se vê.
Aliás, tenho que viver às custas do marido, em pleno Séc.XXI, enquanto não tiver emprego - que pelas estatísticas já se vê que vai ser canja! - e tenho que fazer uma ginástica inimaginável para esticar os euros que alguém, numa secretária, decidiu ser suficiente.
Gostava de entender os pârametros de escolha. Porque é que não vêem as despesas que o agregado tem, para viver condignamente?!

Mas já resolvi: em breve vou montar uma barraca em terreno camarário e talvez até me divorcie, visto que se for divorciada e com uma criança não me vão faltar ajudas para não morrermos de fome... e ainda pode ser que daqui a uns anos tenha acesso a uma chave de um apartamento por 5€ mensais.
Aposto que aí, as assistentes sociais arranjam logo vaga para o meu filho na pré-primária do estado, o abono sobe e começo a receber alguma coisa. Até me vêem trazer comida a casa, do banco alimentar contra a fome ou algo do género. É preciso é deixar que o miúdo ande com ranho até ao queixo, para ninguém topar que não pertencemos ali...

É este Portugal que encontro: um país em que os nativos sofrem racismo, comem mesmo o pão que o diabo amassou, tendo só o dever de arranjar emprego para descontar para aqueles que diariamente chegam a este país vindos de fóra. E trabalhar caladinhos! Nada de levantar ondas... que a mim já me passou pela cabeça que os de cá - os portugueses - ainda vão ser escurraçados!

É um país em que compensa ser-se bandido, gatuno, trapaceiro... a vida está muito boa para quem não quer fazer nada de legal e que prefere gastar o tempo com a cerveja numa mão e os subsídios da segurança social na outra. Isto enquanto os filhos põem o capuz e assaltam bancos, bombas de serviço, cafés... isto tudo só me deixa um pensamento:

Quem me dera que o Dom Afonso Henriques não tivesse nascido!!!!

3 comentários:

Anónimo disse...

Acho que vou deixar de trabalhar, mudar de nome, acho que "Lelo" era o ideal, e assim é tudo seria mais fácil.
Porra! Quem me dera pertencer a uma minoria étnica, assim sempre tinha direitos e o reconhecimento do Estado como cidadão exemplar. Com direito a casa paga, assitência, subsidíos com fartura. Acho que assim já conseguia ter um Mercedes!

Já diz o ditado: "Se não os consegues vencer, junta-te a eles"

Francisco disse...

hummmm

A coisa está "braba"...

:(

Não concordo inteiramente com tudo o que escreveste, mas aqui fica o apoio do amiguito.

Percebo o que estás a passar :/

Celeste disse...

MAU!!! Que tens tu contra a cerveja?! :D :D

Olha, tem calma Sofia. Não és, infelizmente, a única pessoa assim, em condições tão complicadas...

Eu sei que há dias assim, desesperantes. Mas ainda faltam concursos, os professores antigos vão-se reformando, vai chegar o teu dia. Ou então emigrar (ou será imigrar?) e deixar isto para quem quiser.

Temos é que começar a pensar bem antes de votar, isso sim!

Beiji** e força! :)