12.1.09

A minha vida é a escola


Novamente entrei na turbulência do dia-a-dia, das viagens de comboio com as minhas leituras, dos corredores barulhentos, de empurrões e gritos típicos da adolescência, dos pátios cheios de miúdos que passeiam, conversam, jogam, namoram.

Regressei às aulas, às perguntas, às respostas, ao quadro e ao giz, às carteiras riscadas e ao lixo no chão, de ninguém, às conversas paralelas, aos recadinhos no caderno, aos TPC's e às faltas, aos testes e às fichas.

Voltei à sala de professores, cheia de colegas, que apesar do stress da profissão e da malfadada avaliação de professores, estão sempre bem dispostos, porque fazem aquilo que gostam.

Se é coisa que não consigo entender é o facto de ouvir muitos miúdos (e graúdos) dizerem que não gostam da escola, que são só coisas más, que é um martírio e um frete tremendo manterem-se lá.

Eu sempre amei a escola.
Desde que, com os meus 5 anos, saí das saias da mãe e fui largada lá - porque foi assim que me senti, com um aperto no coração, enquanto acenava e me despedia - e desde que começou a aventura da aprendizagem, fiquei fascinada!

Quis ser professora, quis ser bailarina, quis ser pintora, quis ser actriz. Acabei por ser licenciada em Design e apaixonei-me pelo ensino, assim, numa experiência aos 21 anos, acabadinha de sair da faculdade.

Enquanto aluna, amei cada dia da escola, sobretudo a secundária, desde o 7º ao 12º ano, escola onde encontrava os amigos, onde passei bons momentos em grupo, em grupinhos ou a pares - e os amores da adolescência e a sua importância! - e as aulas, sim, porque eu gostava da maioria das aulas, gostava da maioria dos professores, e guardo muitos deles no coração, gostava das partidas que a turma fazia - nada comparado à "brincadeira" com armas falsas na escola do Cerco, no Porto.

Éramos, nessa altura, entre 1985 e 1995, miúdos inocentes, sem malícias como alguns de hoje que vejo todos os dias. Sobretudo, éramos educados e receávamos os castigos, as chamadas de atenção, as informações aos pais e a vergonha que era ser mandado para a rua. Os maus alunos e mal comportados jamais eram os ídolos dos outros, ao contrário do que se passa na escola de hoje.


Com todas as contradições que existem à volta da escola, com tudo o que me podia fazer desistir, com todos os (pre)conceitos e todos os medos, com todas as notícias que teimam em vir nos jornais, com a desresponsabilização da sociedade, dos pais, dos filhos, mesmo com a falta de reconhecimento de alguns miúdos pelo trabalho do professor, ainda assim, eu sou apaixonada pela escola e isso faz-me, aos 31 anos, ainda lá andar!

Sou professora com muito gosto: gosto da balbúrdia da juventude, gosto do ambiente da sala de aula, de dar sempre muito de mim e também receber algo em troca dos alunos.
É por alguns sorrisos, alguns olhares cúmplices, algumas inconfidências no intervalo, que eu vivo a minha vida de professora, outrora aluna, e sempre escolante.

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