23.1.09

A solidão interior

De cada vez que te vejo, sinto que trazes cravado na pele o desgosto e a solidão.
Não consigo perceber porque sofres tu, calando a dor e a agonia de viver no silêncio.
E ainda mais, porque finges e escondes a verdade, por trás de um sorriso e de um olhar vazio!?
Tens medo, vergonha, temes que te olhem de soslaio... mas sabes que sentires-te assim não mudará o que os outros pensam, ou ignoram. É preciso acabar com o silêncio...

Ao contrário do que os outros pensam, a solidão não é o simples facto de se estar só, sem alguém para compartilhar os bons e os maus momentos.
Solidão é quando, mesmo com a casa cheia, a tristeza e o vazio são maiores que o barulho e a alegria dos outros.


Solidão, é quando damos conta que construímos diálogos intermináveis com alguém que não existe, ou que simplesmente não está ali naquele momento.
Solidão, é quando esses diálogos chegam ao ponto de serem discussões, onde afincadamente tomamos uma posição e nos debatemos por determinada ideia.
Solidão, é acreditarmos que esse diálogo aconteceu e, por esse motivo, nos sentirmos mais aliviados por termos tido a coragem de o fazer.
Solidão é no final da discussão não ter ninguém para nos apoiar ou condenar.


Solidão, é passarmos tanto tempo sem proferir um som que até perdemos essa faculdade.
Solidão é crer que o abraço dos sonhos tenha de verdade nos envolvido, e com ele nos sentirmos aconchegados.
Solidão é, no calar da noite, sabermos que durante o dia o som será o mesmo: um vazio total interior. E que tudo não passou de uma tentativa frustrada da nossa mente para nos enganarmos a nós próprios.


É um profundo buraco negro, sem vácuo, que nos consome a lucidez aos poucos e nos condena à crueldade maior - a exclusão social.

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