25.6.08

B&P versão II

(foto tirada daqui)

Será preciso despir-me de cores para que notes a minha tristeza?
Será possível esconder-me por detrás de um negrume tão gélido como a água do fundo de um poço?
Eu penso que não. Temo que não!
Assim como a zebra é branca com riscas pretas, eu sou cinzenta por mais que abuse da paleta nas minhas vestimentas!
Assim é a tristeza que cobre o meu coração, negro, de tanto sofrer a ausência da explosão de cor, que é a felicidade profunda.
Queria ser arara, rouxinol ou colibri, para que as minhas penas não fossem punhais cravados no peito, para que a minha presença fosse vincada pela alegria e a paixão. E para que todos em meu redor se alegrassem à minha passagem, ao invés de sentirem a agonia normal de um enterro fúnebre.
Estou cinzenta, cinzento escuro, negro a escorregar para a escuridão.
Quero a luz mas afasto-me cada vez mais, porque a claridade que a luz emana é tão potente que me dilacera o corpo e me faz sofrer. Ver-me, à luz do dia, é pior que perder-te, porque significa perder-me de mim também!

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